O que o levou a entrar no ramo da computação?

Cansado de trabalhar num Cyber Café, um belo dia, nos meados de 2008, resolvi enviar uma candidatura espontânea para várias empresas de TI em Angola. Uma dessas empresas chamou-me para uma entrevista. Apesar de esperar uma vaga como Sys Admin ou Security Tech (áreas em que me encontrava mais inclinado), acabei por receber o desafio de começar a trabalhar como programador, desafio este que foi aceite. Comecei a trabalhar nesta empresa como programador, usando PHP e posteriormente C#. Apesar de ter noções básicas de HTML e um pouco de PHP, aprendi a sério sobre programação e essas linguagens enquanto desempenhava as minhas funções como programador.

Onde se formou?

Não sou licenciado, apesar de ter tentado. Comecei na Universidade Católica de Angola, no curso de Engenharia Informática, mas não consegui terminar o 2º ano. Passei a frequentar na modalidade a distância na Universidade Católica de Brasília, o curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Apesar de ter concluído todas as disciplinas, não fui a tempo de fazer o projeto final pelo que até o momento não obtive o título de Tecnólogo.

Em que país você vive actualmente?

Atualmente vivo em Portugal.

Como é um dia típico no seu trabalho atual?

Eu trabalho remotamente. Normalmente começo sempre o dia preparando e levando os meus filhos à escola. Quando regresso já é hora do Standup (9h, diária), aliás, normalmente faço o standup no carro, enquanto regresso a casa; de seguida, preparo o meu chá, já que eliminei o café da minha dieta. Caso não tenha outra reunião logo a seguir o standup, aproveito este momento do chá para ler os emails e fazer code-reviews e só assim ponho-me a programar ou a participar em outras reuniões semanais.

Como é o seu espaço de trabalho?

Tento manter o meu espaço o mais simples possível, para evitar pontos de distração. Uso dois monitores, um Macbook, um ou outro livro que esteja a ler atualmente e algumas vezes, papelada que precisa ser tratada no dia ou na semana em questão. Apesar de ter montado um PC Gamer, é algo que anda estacionado já por um bom tempo.

• Macbook Pro M2 Max 64GB – 16 - 2023;
• 2 x Monitor LG 32UN880-B (31.5'' - 4K - IPS - AMD FreeSync);
• Magic Keyboard com Touch ID
• Magic Mouse
• Auscultadores RAZER Blackshark V2
• Microfone RAZER SEIRĒN X
• Webcam BRIO 4K Stream Edition

O que você faz para se inspirar?

Eu diria que depende muito. Primeiro tenho os meus filhos como fonte de inspiração constante. A isso, acrescenta-se observando a comunidade. Ver o que tem acontecido na nossa comunidade e querer fazer parte inspira-me, dá-me forças para nunca desistir. Outras vezes, ouvir uma boa música, exercícios físicos, caminhadas ou mesmo um bom banho frio chegam a ser suficientes para me manter inspirado.

Quais são os 5 livros que você recomenda que outros engenheiros de software leiam?

- Extreme Programming Explained - Kent Beck e Cynthia Andres; - The Senior Software Engineer - David Bryant Copeland; - The Pragmatic Programmer - David Thomas e Andrew Hunt; - The 48 Laws of Power – Robert Greene; - Atomic Habitcs – James Clear.

De qual projeto você mais se orgulha?

Penso que ao longo da minha carreira participei em vários projetos, dentro e fora de Angola, que de certa forma tiveram grande impacto na vida das pessoas e de alguma forma, na minha vida quer seja a título profissional como a título de satisfação pessoal. Falo de projetos na Educação, Finanças (Fintechs), RH/Gestão de Pessoal. Pra mim fica difícil escolher um projeto apenas como a mais relevante, porque cada um deles de uma ou de outra forma, moldou o Dev que eu sou hoje. Houve um projeto em que participei e em que não me orgulho, e não foi pelo projeto em si, mas pelo ambiente em que me encontrava.

Quais são os desafios de engenharia que você enfrenta na sua empresa actual?

Atualmente o pior desafio tem sido lidar com um código legado deixado por uma equipa (outsource) que já não se encontra disponível. Implementar novas features sem ter que reescrever componentes bases tem sido uma dor de cabeça, o que leva muitas vezes a “gambiarras”; Temos estado a trabalhar no sentido de simplificar a base de código, remover a maior parte das abstrações que foram criadas ao longo do tempo (que hoje se mostram completamente desnecessárias), sem com isso impactar a continuidade/o bom funcionamento do produto.

Qual conselho você recebeu que teve um impacto positivo na sua carreira profissional?

Não foi bem um conselho de forma direta. Aquando da minha primeira entrevista como programador, me foram feitas algumas questões sobre quais tecnologias/linguagens conhecia, e na altura, praticamente só sabia o HTML e um pouco de PHP, mais pouca coisa mesmo sobre o PHP. E nesta altura, meio que já espera uma rejeição. Mas ao invés de “Desculpa, mas vamos continuar”, eu ouvi um “Não te preocupes, ninguém nasce sabendo tudo. Vais aprender aqui.”. De lá pra cá, tenho me guiado por essa premissa “Ninguém sabe tudo”, e todos os dias pra mim, é um dia para de alguma ou de outra forma, estudar, aprender ou experimentar coisa nova. Há e haverá sempre algo novo para aprender, algo novo para experimentar, alguma coisa para melhorar.

Quem são as 5 pessoas que te inspiraram a estar onde você está hoje?

Minha mãe, meus filhos, Rui M. Santos, José Cage e o Fábio Akita.

Algum conselho para futuros engenheiros de software?

Tente manter-se sempre atualizado. A nossa área está em constante evolução, é importante manter-se atualizado para se manter relevante e competitivo no mercado. É importante estar sempre disposto a aprender novas habilidades e ferramentas/tecnologias. Investir na sua educação sempre trará bons frutos. Um outro conselho seria, aprenda a trabalhar em equipa. Na realidade atual, dificilmente irás trabalhar sozinho, portanto, aprender a trabalhar em equipa, saber se comunicar é extremamente importante.

Há qualquer produto/coisa que você deseja promover nesta entrevista?

Nada fancy ou coisa de outro mundo. É um projeto meio antigo, tenho sempre postergado o seu lançamento/desenvolvimento, mas penso que ao citá-lo aqui criará uma certa pressão em mim para que eu finalmente eu dê mais atenção ao mesmo. Trata-se do MercadoFixe. A ideia inicial é ser um substituto do OLX em Angola (portal de classificados) e num futuro próximo (se eu parar de procrastinar), ser um Marketplace: